Em 1251, a Lituânia foi a última nação europeia a aceitar o Cristianismo, tornando-se a filha mais nova da Igreja.
Essa fé foi o pilar principal na perseverança do povo lituano durante longos períodos de sofrimento e cerceamento da liberdade. Um exemplo dessa fé e perseverança é a história do surgimento da Colina das Cruzes – local em que o povo edificava cruzes durante a noite e os soldados soviéticos queimavam-nas durante o dia – e assim precisavam fazê-lo diariamente, pois o número de cruzes ali depositadas somente crescia.
Durante o governo do Grão-Duque Vytautas, o Grande, Petras Giedgaugas construiu a primeira igreja da região, na aldeia de Šiluva. Ele cedeu o terreno à Igreja Católica, em 1457. Petras doou uma pintura da Bem-Aventurada Virgem Maria segurando o menino Jesus trazida de Roma, e a igreja foi dedicada à Natividade de Nossa Senhora.
Por várias gerações, os fiéis adoraram a Deus e honraram a Mãe Santíssima na pequena igreja da aldeia de Šiluva.
Quando a Reforma Protestante varreu a Europa, os governantes locais impuseram sua vontade ao povo, e nem mesmo a pequena aldeia de Šiluva escapou do impacto. Em 1532, o governador local tornou-se um calvinista zeloso – confiscou a propriedade da Igreja e entregou-a aos calvinistas. O pároco da igreja de Šiluva, Jonas Holukba, inspirado pelo Espírito Santo, pressentiu o que iria acontecer: construiu um baú de ferro e embrulhou cuidadosamente a preciosa pintura da Virgem Maria com o Menino Jesus, as vestes litúrgicas e documentos que provavam que o Grão-Duque Vytautas, o Grande, havia doado terras à igreja católica. Colocou tudo no baú e enterrou-o ao lado de uma grande pedra. Logo após, a igreja foi tomada pelas autoridades e completamente demolida. Muitos moradores mantiveram sua fé católica, porém eram impedidos de praticar sua fé. Parecia mesmo que a fé católica havia sucumbido ao calvinismo. Oitenta anos se passaram e o rebanho católico, sem pastor para guiá-lo e alimentá-lo, foi morrendo gradualmente. Apenas alguns dos aldeões mais velhos se lembravam vagamente de que havia uma Igreja Católica em sua aldeia. As crianças foram criadas no credo calvinista.
Num dia de verão, em 1608, várias crianças cuidavam de suas ovelhas em um campo nos arredores da aldeia de Šiluva. Eles estavam brincando alegremente perto de uma grande rocha. De repente, ouviram soluços e ficaram paralisados, olhando na direção da rocha onde havia uma linda jovem, em pé sobre a rocha, segurando um bebê em seus braços e chorando amargamente. Ela somente olhou para eles com uma tristeza avassaladora, chorando como se seu coração estivesse se partindo. Uma luz envolvia a mulher e a criança.
Quando a jovem e o bebê desapareceram misteriosamente, as crianças correram para a aldeia contar ao pastor, que não acreditou na história contada por elas. As crianças, porém, relataram tudo o que presenciaram aos seus pais e vizinhos, e a notícia espalhou-se rapidamente pelo vilarejo. Na manhã seguinte, muitas pessoas reuniram-se em torno da rocha. Ciente da multidão que se reunia, o pastor passou a dizer que isso era obra de Satanás e queria conduzir o povo de volta aos seus afazeres. Porém, ouviu um choro triste e arrebatador. Ali, bem no meio deles, estava a jovem sobre a rocha, com o bebê em seus braços, chorando, exatamente como as crianças haviam descrito. O rosto da jovem mãe estava tomado de profunda tristeza e sua face banhada em lágrimas. O pastor então perguntou: “Por que você está chorando?” Com uma voz cheia de tristeza e emoção, ela respondeu: “Houve um tempo em que meu amado Filho foi adorado por meu povo neste mesmo lugar. Mas agora este solo sagrado foi dado para o lavrador e o lavrador deu para os animais pastarem.” Sem outra palavra, ela desapareceu.
Um ancião com mais de 100 anos, morava em uma vila próxima à Šiluva. Ele soube das histórias das aparições e lembrou-se de ter ajudado o padre Jonas a enterrar um baú de ferro durante a noite, próximo de uma grande rocha, há muitos anos. Ele foi então levado ao local da aparição e, ao chegar próximo à rocha, sua visão foi milagrosamente restaurada. Caindo de joelhos com alegria e gratidão, ele apontou para o local exato onde o baú havia sido enterrado. O baú de ferro foi encontrado, e em seu interior foram encontrados a pintura de Nossa Senhora com o Menino Jesus, cálices e paramentos, além das escrituras e outros documentos da igreja. Esses documentos garantiram o retorno do local para a Igreja Católica, e uma capela foi construída sobre a rocha da aparição.
A nova igreja de Šiluva atraiu imediatamente multidões de fiéis, em uma área predominantemente protestante. A pintura foi consagrada permanentemente na Basílica da Natividade da Bem-Aventurada Virgem Maria e venerada até hoje como a Imagem Milagrosa de Šiluva.
A crença de que a Mãe de Deus apareceu pessoalmente para repreendê-los por sua negligência à Fé Católica cresceu rapidamente entre as pessoas. Muitos atenderam ao seu chamado e retornaram à Única Igreja Verdadeira fundada por seu Filho Divino, Jesus Cristo. Tão completo foi este retorno que uma década depois, na festa da Natividade da Bem-Aventurada Virgem Maria, mais de 11.000 pessoas receberam a Sagrada Comunhão durante uma missa oferecida no local das aparições. Em 1775, a aparição foi autenticada por um decreto papal emitido pelo Papa Pio VI. A Santa Sé concedeu então a permissão para coroar solenemente Maria e Jesus na imagem milagrosa de Šiluva, no dia 8 de setembro, data oficial de comemoração do Santuário. A característica mais notável desta aparição está no fato de que ocorreu em uma atmosfera completamente não católica.
Ao longo dos anos, muitos milagres foram registrados e o santuário passou por inúmeras mudanças e igrejas maiores tiveram que ser construídas para acomodar o número crescente de peregrinos.
Desde a aparição, muitas mudanças ocorreram. Atualmente, estamos rodeados pela decadência moral e muitos fiéis se perderam. Muitos se perguntam porque essa aparição não é conhecida pelos católicos: com a Terceira Partilha da Polônia em 1795, a Lituânia foi anexada ao Império Russo e cujo governo foi bastante severo – era proibido ensinar o idioma e imprimir livros religiosos. Durante os anos independentes (1918-1940), o conhecimento da aparição se espalhou pela Europa, e a devoção à Nossa Senhora de Šiluva não parou de crescer até a Segunda Guerra Mundial. Sob o regime soviético, perseguições persistentes aos peregrinos ocorreram, porém, foram incapazes de reprimir a devoção dos fiéis, que se mantiveram perseverantes durante todo o período de sofrimento.
A visita do Papa João Paulo II a Šiluva em 1993 permitiu que o mundo novamente tomasse ciência deste local notável. O Papa João Paulo II chamou Nossa Senhora de Šiluva de “Rainha da Paz”.
Nossa Senhora de Šiluva apareceu em um momento sombrio, fortificando e abençoando o povo lituano com a liberdade da fé. Desde então, a humanidade passou por muitas mudanças. Encontramo-nos rodeados pela decadência moral e muitos se perderam. Hoje, Nossa Senhora de Šiluva é a nossa mais poderosa intercessora diante de Deus Todo-Poderoso. Ela é, mais do que qualquer outra coisa, a expressão da fé católica lituana, perseverante durante séculos de perseguição, julgamento e castigo
Certa vez, ela trouxe a Lituânia de volta à Igreja, então vamos orar por isso…
“Comovidos com as tuas lágrimas, possamos nós, como os nossos antepassados, reavivar o espírito de adoração ao teu Filho em nossos corações, fortalecer a estrutura frágil do santuário que é a família, trazer de volta os teus filhos pecadores e perdoar os pecados da nossa nação.”
“Nossa Senhora de Šiluva, intercede pelos vossos filhos pecadores. Traga-os para casa, de volta para Jesus”.